Texto originalmente produzido em uma das minhas lives de escrita na Twitch. Apenas algumas palavras/posições de palavras foram alteradas para a publicação aqui.
Prompt: descreva como a temperatura/o clima afeta seu humor.
Frio. Milhões de roupas para manter o calor do corpo, meias e pantufas nos pés, cabelos nunca presos, mesmo nos piores dias. O frio: cinzento, opaco, mostrando sua vida apenas por meio das gotículas mínimas da garoa que só servem mesmo para molhar. O nariz reclama, chora, fica vermelho de tanto espernear. O quarto se lamenta por ser o único cômodo da casa que não vê luz natural.
As gatas só querem dormir; as camas usam essa desculpa para ficarem desarrumadas o dia todo. O cinzento de fora atinge o cinzento de dentro e, juntos, eles podem fazer escuridão; há de se tomar muito cuidado.
Ao fim do dia, no entanto, o frio se transforma em conforto devido à eletricidade do chuveiro, ao pijama flanelado, à televisão ligada no programa favorito, e ao chocolate. No frio, apenas o chocolate é quente.
Calor. Alegria. Acompanho o raiar do dia. Mãos à obra às 6h30 sem nada de preguiça.
Ajuda que o quarto nunca vê a luz do astro principal do verão.
Derreto mais na cozinha, o banho tem de ser gelado, o sono tem de acontecer com o corpo pelado.
Quanto às gatas, continuam só querendo dormir.
“Ai, que calor do inferno!”
O calor se torna mais quente toda vez que alguém reclama. E como reclamam!
Mas o sol ilumina mais, alimenta mais, faz querer mais.
Mais praia, mais mar, mais sol para ter mais praia e mais mar.
Na falta do mar, a piscina.
Na falta da piscina, banho de mangueira.
No calor, todos querem lavar a louça.
No calor, o amarelo de fora encontra-se com o amarelo de dentro e, juntos, parecem um girassol.
Um girassol que gira, gira e gira.
Um girassol que só morre quando bate a frente fria.
Começo de setembro de 2021